A completa permissividade que vemos hoje é, certamente, conseqüência da Revolução Sexual iniciada da década de 1960. Os apelos sexuais da mídia geral levam muitas pessoas (principalmente adolescentes e jovens) a praticarem o sexo sem compromisso. Mas levam-nas também, inconscientemente, a sentirem nojo, aversão e culpa por essas práticas - e essa é uma estratégia diabólica para ofuscar a beleza do sexo, uma das coisas mais santas e prazerosas que Deus criou. Os jovens evangélicos têm sobre si duplo peso: viver num contexto pós-moderno onde não há absolutos morais e os chavões mais populares (“Ah, o que é que tem?!” e “Isso não tem nada a ver!”) nasceram dos pensamentos acadêmicos relativizados e onde pais e líderes evangélicos não assumem a responsabilidade de desmistificar, des-satanizar e des-sujar a bênção do sexo. Um dever bíblico e cívico que os pais e líderes têm é o de ensinar princípios morais aos adolescentes e jovens. Exigências podem ser feitas quando os direitos não são respeitados. Acredito que os jovens deveriam exigir dos pais e líderes maior atenção na área da sexualidade. Os pais, por outro lado, deveriam reconhecer humildemente seu erro de omissão e mudar de atitude. Ouvi uma frase, recentemente, que está reverberando em minha mente: “Não devemos ter vergonha de falar daquilo que Deus não envergonhou de criar.” (Clemente de Alexandria) Os jovens estão escalando sozinhos montanhas íngremes e geladas sem conseguir conciliar os valores éticos bíblicos, a verdadeira ciência e o lixo da mídia. É essa mídia que ensina a excluir e rotular de quadrados todos aqueles que lutam para guardar os valores que conduzem à “boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Nos atendimentos do Movimento pela Sexualidade Sadia (MOSES) temos recebido muitos jovens (rapazes e moças) sinceros que envolveram-se no homossexualismo a partir de sugestões externas (como apelidos na infância e na adolescência, por exemplo) ou abuso sexual, quando eles não tinham com quem desabafar e tirar suas dúvidas, pois “falar sobre sexo é senvergonhice”. Alguns desses jovens derramam lágrimas de vergonha e culpa pela humilhação que sofreram porque não sabiam como se defender. Contudo, uma coisa é interessante nas respostas: a certeza que a maioria tem de que sexo antes do casamento e homossexualismo não são os ideais de Deus para a humanidade - por isso as conseqüências estão aí com as mães solteiras sofrendo as juras de amor não cumpridas, as doenças sexualmente transmissíveis e o total desconhecimento de verdades que nos preservam física, espiritual e socialmente . As campanhas que só ensinam a usar preservativo para o “sexo seguro” são superficiais e incentivam a prática do sexo sem amor e compromisso. Nesse contexto, muitas autoridades da área de saúde já reavaliaram sua posição sobre essas campanhas e, hoje, afirmam que o mais importante no que se refere às DSTs – principalmente a AIDS - é uma mudança de comportamento. À nossa sociedade promíscua e perversa não interessa divulgar essa verdade. Outro ponto que desperta nossa atenção é o enfoque “espiritualizado” que a maioria dá para o homossexualismo, como se só ele fosse alvo das influências de satanás. Ora, a Bíblia diz em Romanos 11.32 que “Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos” e em 1 Coríntios 6.9 a 11 que adúlteros, mentirosos, idólatras, avarentos e bêbados são tão pecadores e alvos do diabo quanto os homossexuais. Acredito que os evangélicos deveriam ler mais livros cristãos sobre o assunto para ter uma visão de mais compaixão e menos preconceito com aqueles que sofrem com tendências homossexuais. O apóstolo Paulo nos mostra no último texto citado que, na igreja de Corinto, havia vários ex-homossexuais libertos pelo Sangue de Jesus e santificados pelo Espírito de Deus. Outra coisa que observar é o ranço machista que também contaminou a igreja. Percebe-se claramente nas entrelinhas que a responsabilidade maior sobre a virgindade é da mulher. Ora, quando a Bíblia exige pureza, exige de homens também. Graças a Deus, porém, que “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram” (2 Co 5.17) O passado não pode mais escravizar nossa consciência e em Cristo todos temos possibilidade e motivação para mudar constantemente. João Luiz Santolin (Coordenador do MOSES) Texto escrito para um periódico da CPAD em agosto de 1999.